Dois Mil e Cinco

À um ano atrás, estavamos prestes a finalizar 2004, e eu, numa das melhores fases da minha vida. Tinha imensos amigos, estava a apostar na pessoa que era a certa para me fazer feliz, tinha toda a familia reunida e enfim, estava bem. Tinha a certeza que 2005 ia mudar a minha vida para bem melhor, e eu estava muitissimo esperançosa.
Pois 2005 passou e a minha vida mudou. Mas não da maneira que eu julgaria ser a melhor. O meu castelo de conto de fadas desmoronou se, quando percebi (e ele o demostrou da pior maneira) que era de longe a pessoa ideal. Os imensos amigos que eu julgava ter, afinal não eram assim tantos, pois percebi que muitas vezes estamos rodeados de pessoas que apenas vivem, agindo e pensando por interesse e conforme, como eu costumo dizer, "o vento muda". Descobri que a amizade que se julga verdadeira é por vezes a que quebra mais facilmente. O meu grupo de amigos diminuiu consideravelmente, quando eu vi (finalmente) quem eram os verdadeiros, os leais, aqueles com A grande. A familia continua (re)unida mas de modo diferente, já que a minha irmã seguiu o seu rumo, e foi viver para outro lugar, bem distante por sinal.
Se à um ano atrás me contassem o que se iria passar comigo ao longo de 2005, eu não acreditaria. Julgaria que estavam doidos e que só estavam era a desejar que as coisas me saissem todas ao contrário. Mas ao sairem ao contrário, só resultaram bem. Ao descobrir que ele nao era o "tal" que eu julgava que era, poupei me ainda de mais desgostos e desilusões. Ao contar com poucos, mas verdadeiros amigos, só me fez perceber que apesar de tudo, tenho a certeza que, no fim, são esses que irão estar lá para tudo e mais alguma coisa. E saber que por muito longe que a minha irmã esteja, vou tê-la sempre por perto, numa caixinha bem especial, chamada coraçao e sei que o mesmo se passará com ela em relaçao a mim.
Vi que afinal 2005 foi um ano de mudança. E posso afirmar que estou bem. Estou feliz. Arrisco mesmo a dizer, melhor que nunca.
E 2006? Bem, isso eu deixo para daqui a um ano. ;)

Irmã

Ontem. Ias embora. Enquanto os outros estacionavam, fui contigo ao check-in. Parecias alegre. No carro tinhas dito que estavas feliz. Conversavas, sorrias. Como todos os dias, desde que me lembro. Fiquei orgulhosa por quereres que fosse eu contigo dar o primeiro passo daquela que é a primeira viagem de muitas mudanças da tua vida.
À medida que esperavamos que embarcasses, passavam me pela cabeça imagens que pouco a pouco se iam tornando mais nítidas.

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Lembras-te de quando eu nasci e tu me achaste tão vermelha. enrugada e feia que até pensaste na vergonha que ias sentir ao andares comigo na rua?
De como eu te puxava o cabelo sempre que me pegavas ao colo? De eu adorar andar com os teus chapéus? Da minha gritaria no meio da rua e da maneira como fugias? Daquele dia de ventania em Espinho e das minhas pipocas voarem todas do meu saco, quando tu me vieste fechá-lo e ainda te irritaste com a minha cara de parva?
Lembras te de como eu tinha medo do mar e de como tu fingias que eras um crocodilo?
Lembras te que era contigo que eu ia ter quando tinha medo do escuro e passavas o resto da noite a levar pontapés na cama? De eu fugir do buraco da chaminé da cozinha da tia Joana? De como me defendias das raparigas do autocarro que me gozavam por eu ser dorminhoca?
Lembras te quando puseste aparelho a primeira vez e eu gozava-te cada vez que dizias: "Azeite"? Do carnaval, quando vestiamos roupas da mãe? Do Natal, quando eu acreditava no Pai Natal e fugiamos todos para o meu quarto até se ouvir o barulho da porta a fechar?
Quando em Coimbra tive que te puxar do terraço de casa dos tios por causa das tuas vertigens? E quando eu fiquei sem pé na piscina em Elvas e tiveste que me ir buscar?
Lembras te quando nós e a Marta fingiamos que eramos locutoras de radio e passavamos manhãs a gravar cassetes com os nossos programas? De andarmos dias e dias a ouvir Onda Choc e Ministars? De vermos Tom and Jerry, Bugs Bunny e de como nos riamos com o Speedy Gonzalez? De como tu gostavas do Alladin e do Hércules e de como me aturavas quando eu cantava as músicas da Disney?
Lembras te daquele dia que passamos na Serra da Estrela, a fazer "sku" e a tirar fotos a fingir que estavamos a cair? Do nosso gozo com o pai em Elvas e de como passavamos os dias na piscina ou a jogar snooker mais o Francisco? De quando eu tive a minha primeira paixoneta e tudo o que tiveste que ouvir?
Lembras te de quando eu pus aparelho e o gozo que tu me deste? Quando fui operada e deste me a tua "vaca anti-stress" para eu ter à minha beira?
Lembras te daquele dia que fui contigo para a baixa tirar fotografias a edificios por causa de um trabalho teu para a faculdade e acabamos a tirar fotos a nós mesmas no meio da rua (quando ainda não tinhas perdido a máquina analógica e ninguém se lembrava de fazer esse tipo de figuras)?
Lembras te de quando aquele cão nos seguiu durante 25 minutos e quando disseste: "Não olhes para trás que o cão pode reconhecer-te!"?
Lembras te de quando tiveste que ser operada quase de urgencia e estavas mais calma que toda a gente? Das minhas dúvidas e das nossas longas conversas? De eu te dizer que eras a única pessoa que me infuenciava?
Lembras te que fui a primeira pessoa a quem contaste que ias embora?

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Beijos e abraços.
Afastavas te. De lagrimas e sorriso no rosto. Passos firmes e de cabeça erguida.
Saímos do aeroporto. Estava frio, mas naquele momento o meu coraçao estava quente. De orgulho, de esperança, de amor. Porque tu és a pessoa mais forte que até hoje conheci. Porque acredito que vais ser feliz. Porque te amo tanto e és a minha irmã.
E tudo isto é desde sempre.
Para sempre.

Traffic in the sky

there's traffic in the sky
and it doesn't seem to be getting much better
there's kids playing games on the pavement
drawing waves on the pavement
shadows of the planes on the pavement
it's enough to make me cry
but that don't seem like it would make it feel better
maybe it's a dream and if i scream
it will burst at the seams
this whole place will fall into pieces
and then they'd say

well how could we have known?
i'll tell them it's not so hard to tell
if you keep adding stones
soon the water will be lost in the well




Senhor Jack Johnson que me tem acompanhado nestes dias nublados, para fazer sentir um pouco de calor do Verão que já me anda a fazer falta*

Espanta Espíritos

Abana. Para lá. Para cá. Plim, pliiim. Sente se o paraíso. Sente se o mar. Sente se a lua. Os pesadelos fogem. As bruxas voam. Os espíritos desvanecem. Ele roda, ele gira, ele estremece ao sabor do vento, do meu toque ou do seu simples desejo.

E devolve a doçura aos meus dias.