Wednesday, July 19, 2006

Janelas.

Todos os fins de tarde sento me à janela. É quase um ritual meu, algo sagrado que todos os dias procuro fazer. Faz me sempre muito bem, mas aprecio ainda mais este meu momento no Verão, pois é por volta desta hora do dia, durante esta estação, que o ar fresco pelo qual todos anseiam repousa finalmente sobre a relva, o ar, as pessoas, as casas e os carros.
Nestes mesmos fins de tarde, há algo curioso. Alguém que vejo da minha janela todos os dias, à mesma hora em que por lá me sento. Todos os dias, à mesma hora, lá estás tu. Sinto uma certa confiança, e como tal já te trato assim. E é engraçado como gosto de falar contigo, ainda que ao longe e ainda que seja pelo olhar. Sim, também estás a olhar para mim.
Parece me que tens exactamente o mesmo hábito há vários anos, tal como eu. Só não sei se ligas a aparelhagem e colocas lá os teus melhores cds e danças com o pensamento a esta hora. Eu costumo fazer isso, devias experimentar! Também não sei o que fazes nem como te chamas. Às vezes gosto de te imaginar Diogo pintor ou Francisco músico, a pintar ou a compor sentado no parapeito. Outras vezes, já penso que és um Luís trabalhador de escritório, e que vês nesta hora do dia o único momento em que te sentes livre e autentico, como as arvores que pintam de verde-esperança a nossa paisagem, assim como os nossos projectos e sonhos. Dou comigo a desabafar contigo o meu dia, o que sinto, os meus medos ou as minhas vitórias. E no entanto, quase que sinto ver a tua história correr pelo vento até à minha janela, sob a atenção constante do teu olhar. Chego a sentir conhecer te como a palma das minhas mãos.
E assim vejo como já fazes parte dos meus fins de tarde, onde nas mesmas duas janelas, à mesma hora, falamos através do vento, das folhas que se agitam e das luzes que se vão acendendo ou apagando à nossa volta.
Olho de novo para a tua janela. Ainda estás aí. Vou ter que sair, mas amanhã, à mesma hora, na mesma janela, cá estarei.
Amanhã sou eu que espero por ti.

Tuesday, July 11, 2006

Ponto final.

E todo este cepticismo em que vivo só me faz permanecer por mais tempo neste casulo, aquele no qual entrei quando decidiste sair de rompante da minha vida um dia. Não tenho paciência para mais histórias, nem para mais devaneios, já que esgotei a minha capacidade de pensar e sobretudo, de sentir. Não tenho nada mais para dar (a não ser um amor que tu mesmo decidiste recalcar).
É, mas vamos pensar que o tempo até pode curar, mas quando se decide demorar desta forma, e com a precisão de me entalar em mais umas quantas coincidencias e cruzamentos (em que o destino decide jogar com o teu nome e o meu de uma forma baralhada e nada precisa), o que mais me apetece é berrar de uma maneira que talvez atinja a tua memória e te faça ver que aquilo que tu me fizeste não se faz a ninguém. Queria que ouvisses ainda uma quantidade de verdades que te fizessem pensar e reparar no quanto tu próprio te fechaste a tudo aquilo que te envolve, para que pudesses ver melhor o teu belo umbigo. No entanto, todas estas ideias, revoltas e indefinições só me levam a dizer te, e com toda a vontade que tenho desde à muito: vai à merda meu amor.